De acordo com a pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro 2021*, no país, jornalistas são majoritariamente mulheres (58%). A mesma pesquisa revela que as mulheres são a maioria dentre as pessoas jornalistas na região Nordeste (54,5%). No Prêmio Sebrae de Jornalismo (PSJ) etapa Bahia, após a classificação dos 85 trabalhos concorrentes na 10ª edição, 100% dos premiados tiveram mulheres como representantes. Dados que revelam que a presença feminina no jornalismo, em especial na Bahia, tem ganhado cada vez mais força e reconhecimento.

Na última quinta-feira (26), as profissionais e equipes que ficaram em 2º e 3º lugar no prêmio receberam a visita, nos veículos, do jornalista responsável pela Agência Sebrae de Notícias (ASN), Pedro Soledade, para a entrega do certificado e um bate-papo.
“Estamos encerrando o ciclo do 10° Prêmio Sebrae de Jornalismo, fazendo o reconhecimento merecido às profissionais e equipes que se destacaram, alcançando o pódio da premiação estadual. Para nós do Sebrae, é uma honra poder fazer isso nas redações, entendendo que elas são o espaço onde o jornalismo acontece diariamente, além de poder reforçar o agradecimento por toda visibilidade que a imprensa dá aos pequenos negócios e empreendedorismo da Bahia”, reconhece.
A 10ª edição do prêmio tem como tema “A importância dos pequenos negócios para o desenvolvimento econômico e social do país”, e contemplou trabalhos inscritos em quatro categorias principais na edição estadual (Áudio, Texto, Vídeo e Foto). Na etapa nacional desta edição, na qual a Bahia e o Nordeste serão representados pela Rádio Alba na categoria Áudio, as matérias poderão concorrer ainda ao prêmio especial, caso abordem a temática do empreendedorismo social.
Dose dupla

A jornalista Thaís Seixas foi duplamente premiada nesta edição do PSJ. Isso porque, além de ficar em 2º lugar na categoria Áudio com a reportagem “Cooperativas fomentam a produção e levam o café da Bahia para o mundo”, veiculada no Rádio Educadora FM, ela também venceu em 1º lugar na categoria Texto, com a matéria “Empreendedoras Negras revelam novos olhares sobre a beleza feminina” (Portal A Tarde).
Esse é o terceiro ano consecutivo em que a jornalista participa da categoria Áudio, na qual venceu em 1º lugar nas duas últimas edições. Após 19 anos de atuação no jornalismo e diversas premiações, Thaís assume que ainda há espaço para se surpreender com o reconhecimento dado ao seu trabalho. “A gente sempre se surpreende com essas coisas que acontecem na vida, porque foi exatamente no momento em que eu não estou mais na reportagem, mas pude ganhar com uma ou me aventurar com o agro, que realmente não é a minha área, e ser premiada, a gente acaba aprendendo muito”, revelou a tricampeã.

A repórter fotográfica Ana Lúcia Albuquerque estreou no Prêmio Sebrae de Jornalismo com o pé direito. Mesmo recém-chegada na área de fotojornalismo, Ana garantiu o 1º e o 2º lugar na categoria Foto, ambos pelo jornal Correio, com as matérias “Brechó, uma sentença de sucesso” (2º lugar) e “Mangueira, um pedaço da Bahia” (1º lugar), reconhecimento que, segundo a fotógrafa, mostra que ela está no caminho certo. “Em pouco tempo, apenas dois anos, eu ganhei o primeiro e o segundo lugar, isso é um sinal e é bom para sentir firmeza, senti que eu estou indo no caminho certo e realmente colocando em prática as coisas que eu aprendi e que estou me dedicando, me esforçando”, afirma.
Afroempreendedorismo
A equipe da TV Bahia mais uma vez subiu ao pódio e garantiu o 2º lugar na categoria Vídeo com a matéria “Afroempreendedorismo e resistência”, produzida por Jade Coelho (produtora e representante do trabalho), Tarsilla Alvarindo (repórter), Eduardo Barbosa (cinegrafista), Raimundo Nonato (cinegrafista), Bruno Quintanilha (editor de texto) e Magno Pamponet (editor de imagens).

O tema escolhido para a matéria é algo que já faz parte do universo da repórter Tarsilla Alvarindo e não apenas por ser uma mulher negra. “Educação e afroempreendedorismo sempre foram duas coisas que me chamaram muito a atenção porque são meios de transformação de uma forma mais efetiva. Eu cansei de trazer histórias de pretos únicos, gosto de trazer histórias que reverberam e que falam do coletivo”, reforçou.
Pelo segundo ano consecutivo, a produtora Jade Coelho fez questão de se inscrever no prêmio. “Felizmente das duas vezes consegui destaque, consegui mostrar o trabalho desses empreendedores porque tem muita gente fazendo um trabalho bacana, com significado, representatividade e que jornalisticamente vale a pena ser contado. As pessoas precisam se enxergar na tevê e ver que a tevê está ali para elas, além de mostrar e fazer a diferença na vida delas”, aponta a jornalista, que emendou “o reconhecimento dá uma sensação de dever cumprido porque a gente faz jornalismo para isso. Eu estudei e estou aqui para fazer a diferença na vida das pessoas”, concluiu.

Já a BandNews ficou em 3º lugar na categoria Áudio com a matéria “Afroempreendedorismo em Salvador”. A representante do trabalho foi a produtora Ana Paula Lima, que falou sobre como o prêmio estimula a contar mais histórias focadas nos pequenos negócios. “É um reconhecimento de pautas que fazemos com frequência de um setor que representa uma parcela importante da economia baiana. É importante darmos voz a essas pessoas para mostrar aos nossos ouvintes todos os desafios enfrentados por esse público”, concluiu.
De mulher para mulher
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do 3º trimestre de 2023, aponta que as mulheres representam 31% das pessoas donas de negócios na Bahia. Essa parcela significativa do empreendedorismo baiano não passaria despercebida quando o assunto é pautar o desenvolvimento econômico e social do estado.

A equipe do Aratu On apostou na matéria “Delícias de Caboto: projeto uniu mulheres em situação de vulnerabilidade na pandemia”, um trabalho feito por Bruna Castelo Branco e Diorgenes Santos, e que conquistou o 2º lugar na categoria Texto do PSJ. A jornalista Bruna falou sobre a emoção de dar voz a mulheres empreendedoras que vinham de uma situação de vulnerabilidade na comunidade de Caboto, em Candeias.
“Durante a pandemia, essa situação se agravou. Então, a empresa MDC foi à comunidade e, junto com as moradoras, buscaram uma solução para gerar rendas. Foi então que elas começaram a produzir licores, geleias e outros produtos alimentícios e estão gerando renda para suas famílias”, afirmou Bruna, acrescentando que o PSJ é um estímulo para continuar buscando pautas sobre empreendedorismo e pequenos negócios.

O terceiro lugar da categoria Foto também foi para o jornal Correio, dessa vez para a fotojornalista Marina Silva, com o trabalho “Mulheres que levam a Gamboa de Baixo para Cima”. Ao falar sobre os seus registros, Marina destaca que o forte da sua fotografia é o outro. “O que eu busco na minha fotografia é emocionar as pessoas, é tentar mostrar que ali tem alma, energia, tem alguém que importa. Às vezes, um único detalhe emociona quem está olhando e é isso que traz a força da foto”, reconheceu.
Espaço para todos

Em duas edições seguidas, a jornalista Priscila Natividade decidiu apostar em temas que são ligados à longevidade e ao mercado 60+. Neste ano, Priscila ficou em 3º lugar na categoria Texto com a matéria publicada no jornal Correio “A onda é prateada: 33% dos brasileiros acreditam que vão viver até os 100 anos”. Já em 2022, a jornalista venceu em primeiro lugar com reportagem sobre profissionais com mais de 60 anos que atuam no ambiente de inovação das startups.
“Essa é uma área que eu comecei a escrever na pandemia. Então, dar visibilidade mais uma vez e ver o quanto esse tema tem ganhado relevância é sempre muito bom por estar levando essa informação, por estar trazendo esse público para o protagonismo, e mostrando que eles também geram renda, compram, precisam de serviços e produtos, além de mostrar o potencial que tem para pessoas que empreendem”, indicou a jornalista.

Na outra ponta da linha da longevidade e na categoria Vídeo, a TV Aratu conquistou o 3º lugar do PSJ com a matéria “Jovem transforma vidas com música, moda e arte em Salvador”, cuja equipe foi formada por Camila Oliveira, Glauber Mateus, Taiane Barros, Luciano Lima, José Sena, Rhamidfan Cardoso, Ilmar Souza. “Falar dos pequenos negócios deve ser uma pauta diária, pois esses empreendimentos têm um papel social importante. Por isso, é importante que os veículos de comunicação possam dar voz a essas histórias”, ressaltou Camila Oliveira.

