Os vencedores da etapa estadual (Bahia) da 2ª edição do Desafio Liga Jovem (DLJ2) foram divulgados na sexta-feira (13). Maior competição de empreendedorismo tecnológico (digital e analógico) na escola para jovens do Brasil, o DLJ2 é um projeto do Sebrae com realização do Instituto Ideias de Futuro. O objetivo é capacitar estudantes como idealizadores de soluções para problemas da sociedade. Na Bahia, mais de duzentas equipes enviaram vídeos apresentando seus projetos, tendo sido seis selecionadas nas quatro categorias.
Para o gestor do Programa de Educação Empreendedora do Sebrae Bahia, José dos Anjos Soares, os alunos estão de fato comprometidos com a iniciativa. “Ao acompanhar os resultados, vimos o tanto de talento que os estudantes do nosso estado têm, desde os do Ensino Fundamental até os do Superior. Vemos o amadurecimento e sobretudo o olhar que eles têm para as questões de impacto social e ambiental, que é o grande mote do DLJ. E é importante destacar que as quatro equipes vencedoras são de instituições públicas da Bahia”, aponta.
Na categoria Ensino Fundamental (Imagina), venceu o time Inovadores de Sucesso, composto por Monielli Fonseca Brito, João Carlos Silva Pereira, Taís Gonçalves Alves e Kauane de Jesus Lisboa, alunos do Centro Educacional de Ibiassucê e orientados pela professora Laiane Michele Silva Souza. O grupo criou o “Cleaning Mint”, um kit sustentável e ecológico (sabonete e xampu) de higiene pessoal, elaborado à base de hortelã, babosa e cinzas de olaria.
O produto é indicado no combate à caspa e à seborreia. Será comercializado, mas também será distribuído gratuitamente para famílias de baixa renda. “A criação dos produtos foi a partir de pesquisa dos alunos, que identificaram na própria escola colegas que se queixavam de terem caspa”, explicou a professora Laiane Souza. “Ver os alunos vencendo essa etapa me faz sentir muita gratidão e eu sempre digo a eles que o céu é o limite”, afirma.
As jovens do Eco Girls – formado por Sara Santos Cardoso, Tárcylla Santos Almeida e Yasmim dos Santos Pereira – venceram a categoria Ensino Médio (Cria), com o projeto “Ecobags à base de cana-de-açúcar e amido de batata”. As bolsas sustentáveis ainda estão em produção artesanal, no laboratório do Colégio Estadual Antônio Figueredo Tempo, também em Ibiassucê. Mas o objetivo, segundo o orientador do grupo, o professor Janilton de Lima Almeida, é escalar a venda no comércio da cidade, região e também pela internet.
“Elas são da zona rural e o projeto nasceu nas aulas de iniciação científica, com reaproveitamento do bagaço da cana, utilizada na produção de melaço, cachaça e rapadura, produzidos na região”, revela. Segundo Janilton Almeida, em maio, a equipe expôs o produto na VI Expo Nacional Milset (feira de ciências estudantil), no Ceará, onde recebeu prêmio pelas sacolas na categoria Meio Ambiente. “Ganhamos na Milset uma credencial para apresentar o produto numa exposição de ciências que acontecerá no Chile, em novembro. Com tudo isso, elas, os familiares, todos nós, estamos muito contentes”, comentou o orientador.
A categoria Profissional (Inspira) teve como vencedores a equipe PaceFree, com o projeto “PaceFree: um passe livre para autonomia”, das alunas Gracielle Maria Santos Dias, Lorena Oliveira de Souza, Maria Eduarda Oliveira de Amaral e Isabelle de Jesus Santos Ribeiro, do IFBA de Camaçari, orientadas pela professora Lanuza Lima Santos. O aplicativo auxilia pessoas com deficiência visual a atravessarem a rua.
O projeto adaptou semáforos a se comunicarem com o app e, ao se aproximar, o usuário é notificado, sendo informado sobre o estado do sinal e se pode ou não acionar o botão virtual, solicitando a travessia da via. A invenção beneficia idosos, cadeirantes e deficientes visuais. “Atualmente, o projeto tem um protótipo de semáforo adaptado e uma versão do app integrados e funcionando. Estamos trabalhando no aprimoramento e na inclusão de novas funcionalidades e na busca de parcerias e possibilidades de torná-lo realidade”, observa a professora Lanuza.
Kauã Cerqueira Dias e José Cardoso são alunos de Desenvolvimento de Sistemas da UFBA e compõem a equipe Lirdio com o projeto de mesmo nome, e são os vencedores da categoria Ensino Superior (Avança). Eles criaram uma plataforma de streaming para audiolivros, com o objetivo de atender não apenas deficientes visuais, mas pessoas que não dispõem de tempo ou que desejam ouvir o conteúdo das obras sem precisar ler o texto – enquanto dirigem, caminham ou fazem exercícios físicos, por exemplo.
O orientador da dupla é Ricardo Santana Veiga, que foi professor e orientava Kauã no projeto Lirdio, no curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas, no Senai Dendezeiros, em Salvador. “Ele iniciou o projeto quando era meu aluno no profissionalizante, durante a pandemia, e amadureceu a ideia na faculdade”, relata o professor. “Eles pretendem comercializar o aplicativo e se tornar referência nesse segmento de audiolivros. No início, assim quando eu soube do tema, tive a convicção de que seriam vencedores”, afirma.
Assista aos vídeos pitch dos projetos: