O roteirista e diretor de cinema João Wainer foi um dos destaques da 7ª edição do Festival Scream, na quarta-feira (4), no Doca 1, bairro Comércio, em Salvador. Ele, que é também jornalista e fotógrafo, tendo sido vencedor do Prêmio Esso em 2013, apresentou o painel “A Arte de Contar Grandes Histórias em Pequenos Vídeos”. O evento, que é uma realização da Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP) e contou com a parceria do Sebrae, reuniu mentes criativas, abordando temas como criatividade, inovação, negócios e comunicação.
Conduzido pela gerente-adjunta da Unidade de Marketing e Comunicação do Sebrae Bahia, Camila Passos – que integra a equipe de curadoria do Scream -, João Wainer contou que deu início a sua carreira aos 16 anos. Inspirado pelo movimento hip hop, narrou como se lançou na arte de produzir vídeos de ficção e documentários, após ter trabalhado por cinco anos (2010-2015) na TV Folha, em São Paulo. Durante sua apresentação, mostrou alguns de seus trabalhos e destacou a importância de saber transmitir informação pelo audiovisual como forma de entretenimento.
Ao apresentá-lo, Camila Passos frisou que João é um profissional autodidata, que tem trabalhado com grandes artistas da cena pop brasileira e é reconhecido por ter alargado o fazer no jornalismo com experimentações significativas, incorporando linguagens de cinema ao jornalismo. “Esse painel é um teaser do curso de João Wainer, que ensina há mais de 10 anos a criar vídeos curtos e envolventes, mas atrativos”, explicou.
“Meu curso é baseado na minha experiência na TV Folha, departamento de vídeo da Folha, cuja linguagem era mais relacionada a documentários do que a jornalismo e a gente produzia um minidoc por dia”, lembra. Segundo ele, o criador do vídeo deve desenvolver uma camada de entretenimento se deseja que seu produto obtenha alcance e entregue informação ao público. “Nosso objetivo era passar informação jornalística, mas entendemos que, se não criássemos essa capa de entretenimento, esses vídeos iriam morrer pelo caminho e a informação que queríamos transmitir iria igualmente se perder”, analisa.
Wainer diz que para fazer um documentário não basta ter um bom personagem, tem que ser original ao narrar a história. E deu como exemplo seu documentário sobre a vida de Chico Science. O pano de fundo utilizado foi como a filha do artista conheceu e começou a namorar o filho do vocalista que passou a cantar com a banda Nação Zumbi quando Science morreu. “Um documentário hoje para emplacar tem que ter antagonista, protagonista, plot twist e um arco narrativo mais parecido com a ficção. É como criar iscas para segurar o expectador. As iscas estão numa camada acima, mas a gente tem que inserir informação abaixo para o público”, compara.
Sebrae
João Wainer, no início de 2024, realizou um treinamento de um mês com a equipe de audiovisual do Sebrae Nacional e também com os colaboradores do Sebrae em São Paulo e no Pará. “Eu acredito que a linguagem do vídeo institucional tem muito espaço para evoluir como linguagem e alcançar muito mais gente. Estou tentando criar um jeito de contar histórias dentro do Sebrae que fujam da linguagem convencional e que vá por um caminho mais moderno”, disse.
O cineasta já trabalhou com artistas como Racionais, Chico Buarque, Emicida e Pedro Sampaio e dirigiu videoclipes premiados internacionalmente como o da cantora Anitta (“Funk Rave”, Melhor Clipe de Música Latina do VMA 2023). Além disso, realizou alguns filmes e séries televisas, destacados entre os grandes sucessos de público das plataformas de streaming, a exemplo de “Bandida – A Número Um” e o documentário “Doleira: a História de Nelma Kodama”.