Promover a visibilidade dos catadores autônomos de materiais recicláveis foi o objetivo do evento que inaugurou, em Salvador, na manhã desta terça-feira (20), no Doca 1, Comércio, a nova unidade móvel do projeto apoiado pelo Sebrae “Conexão Cidadã”, que visa oferecer serviços e promover a cidadania do referido público. Com presença em oito cidades, o projeto tem como meta, em Salvador, a realização de mapeamento dos territórios e trajetos dos catadores, cadastramento a fim de identificar perfis e demandas, entre outras ações.
Conexão Cidadã é uma iniciativa da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat), com o apoio também do Instituto HEINEKEN e da Tetra Pak, e em Salvador, da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (SEMPRE) e da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-Estar e Proteção Animal (SECIS).
Na cerimônia de inauguração, o coordenador de Desenvolvimento Territorial da Unidade de Ambiente de Negócio do Sebrae Bahia, Marco Dantas – representando o Superintendente do Sebrae Jorge Khoury – explicou que a instituição está à disposição para apoiar e contribuir com o desenvolvimento do Conexão Cidadã. “Queremos reafirmar nosso compromisso com a ideia de economia circular e o Sebrae não poderia se furtar a ser parceiro desta importante iniciativa. A partir deste ano, o Sebrae junto com o Governo Federal vai atuar no Pro-Catadores – projeto que visa inserir catadores nas políticas públicas locais – para interiorizar essas ações, já que estamos presentes na região Metropolitana, por meio de consórcio intermunicipais. Escolhemos, junto com a federação, 7 consórcios – com plano de resíduos elaborados. Esses consórcios indicaram vinte e quatro cooperativas e cerca de quinhentos catadores autônomos”, explicou.

Segundo a mobilizadora social do Conexão Cidadã, Anemone Santos, que também é presidente da Federação de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis da Bahia, o projeto trará cidadania e direitos para os catadores. “Uma pesquisa feita entre o Projeto Axé e a (SEMPRE) diz que 100% da população em situação de rua, em Salvador, tiram das ruas o meio de sobrevivência e se declararam catadores de material reciclável. São pessoas que não são vistas, mas geram economia e, muitas vezes, vendem a atravessadores que exploram o trabalho. Esse projeto mostrará que os catadores precisam de educação, saúde, visibilidade, além de fazer entender a importância deles no mercado, na inclusão social, sendo ambientalistas”, ressaltou.
O titular da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-Estar e Proteção Animal, secretário Ivan Euler, falou como a iniciativa irá aprofundar as ações que são realizadas em prol do referido público pelo município. “Com parceria da Ancat, o apoio do instituto Heineken e da Tetra Pak, o Conexão Cidadã vai conseguir entrar em algumas localidades, com apoios de catadores locais, a fim de informá-lo sobre o trabalho que ele presta, oferecer serviços – haverá psicóloga e assistente social fazendo atendimento dentro da unidade móvel. A partir das necessidades levantadas, poderão ser encaminhados para o CRAS ou SEMPRE, a fim de tirar documentação, cadastrar no CadÚnico, entre outros. Essa parceria será importante para aumentar as ações ligadas a este público”, disse.

O presidente da Associação Nacional dos Catadores (ANCAT), Roberto Rocha, falou sobre a iniciativa que surgiu como projeto piloto em São Paulo. “O Conexão vem sendo desenvolvido há dois anos e conquistamos alguns parceiros. Sou oriundo da rua; enquanto catador de material reciclável, sei da importância de termos apoios. Já passei pela situação de não ter documentos. Na minha época, não havia uma unidade onde catadores podiam acessar informações, mas hoje terão essa oportunidade. É um projeto que se tornou uma Política Pública, porque está em diversas cidades no Brasil através do programa do governo federal”.
A diretora de Sustentabilidade do Tetra Pak, Valéria Michel, explicou como o projeto tende a contribuir para aquisição da cidadania. “O Conexão Cidadã está alinhado com a nossa estratégia de olhar para o catador autônomo, o catador de rua. Numa pesquisa chamada Ciclosoft, feita só com 300 catadores autônomos, mostrou que 25% dos entrevistados não tinham RG. Não adianta melhorar as condições de trabalho, se eles não têm o mínimo, como documentação e acesso à informação. Documentação dá acesso aos programas do governo. Essa iniciativa vem para ser um espaço de diálogo e abertura para que eles tenham informação e se conectem com outros que fazem o mesmo trabalho”, disse.
A coordenadora do Instituto Heineken, Mariana Romano, explicou como a iniciativa pretende alcançar o público que vive em Salvador. “Esse projeto começou em São Paulo, porque vimos a necessidade de trazer protagonismo e dar visibilidade aos catadores recicláveis. Nosso apoio aqui é para realizar um mapeamento em toda a cidade, praticar a escuta ativa para entender a necessidade de cada região, de cada catador, compreender a fundo quem é este público e o que ele precisa”, pontuou.


