A manhã de sábado (26) foi marcada pela abertura da 6ª edição da Feira das Pretas, promovida pelo Sebrae, no Fiesta Convention Center, no Itaigara, em Salvador. O evento tem como objetivo prestigiar e homenagear empreendedoras negras de Salvador e Região Metropolitana, por ocasião do mês de julho, dedicado à mulher negra latino-americana e caribenha. Na ocasião, as expositoras puderam mostrar e comercializar itens de vestuário, acessórios e cosméticos e as participantes tiveram acesso a mentorias gratuitas individuais com especialistas negras em vários segmentos. Além disso, a grade de programação contou com palestras, painéis e disputas de pitches.
A gerente regional adjunta do Sebrae em Salvador, Siomara Guimarães, destacou que a feira reforça o protagonismo feminino e o empreendedorismo negro em Salvador e na Região Metropolitana. “Para o Sebrae, é importante estar inserido neste contexto, porque assim fomentamos o empreendedorismo feminino e a mulher como figura principal neste cenário. A mulher negra faz parte de um grupo subrepresentado, no qual o Sebrae atua por meio do Programa Sebrae Plural. Então, é muito importante incentivarmos o empreendedorismo feminino, como uma ferramenta de transformação para essas mulheres, que muitas vezes vivem com muitas dificuldades por conta de suas rotinas e necessidades diárias”, disse.
A gestora estadual do programa Sebrae Delas, Rosângela Gonçalves, chama a atenção para o fato de que a Feira das Pretas nasceu para celebrar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. “Nosso objetivo é enaltecer essa nossa tecnologia ancestral de empreender e mostrar o caminho a outras mulheres do ecossistema empreendedor. Nosso intuito é atrair e nos aproximar dessas mulheres negras, que são, inclusive, a maioria das empreendedoras baianas, e promover a missão do programa Sebrae Delas, que é justamente qualificar os negócios liderados por mulheres”, frisa.
Já a gestora do Sebrae em Salvador e Região Metropolitana do Programa Plural, Taiane Almeida, explicou que a Feira das Pretas este ano reuniu uma série de mulheres negras que são destaque em diversas áreas para ministrar as mentorias individuais e gratuitas. “Temos psicólogas oferecendo mentorias de saúde mental, contadoras especializadas em gestão financeira e atendimento de acesso a crédito, que é uma parceria com a Sepromi (CrediAfro). Além disso, também há mentorias para vendas, planejamento, inovação e criatividade e oratória. Com isso tentamos melhorar as competências da mulher empreendedora para a gestão e o posicionamento estratégico delas dentro do mercado, por meio de parcerias”, comenta.

Criadora e CEO do Movimento Black Money, considerada uma das 100 pessoas afrodescendentes com menos de 40 anos mais influentes do mundo, vencedora do BRICS Women’s Startups Contest 2025. Esses são alguns dos títulos atribuídos a Nina Silva, mas há outros. A mulher de negócios gigante foi a primeira a palestrar na Feira das Pretas este ano, com o tema “Afrofuturas: Black Money e o Código da Inovação Inclusiva”. Ela contou um pouco da própria história, aconselhou a plateia a acreditar nas próprias potencialidades e falou sobre o poder da inovação como ferramenta para escalar os negócios. “Como mudamos o jogo a partir dos nossos negócios e a partir das nossas interações sociais? Entendendo para onde queremos ir e que amanhã é esse que essas pretas querem e já estão construindo”, afirmou.
Na sequência, outra mulher negra brilhou no palco da Feira das Pretas, ao compartilhar a trajetória de sua vida e escalada de sucesso. Suanne Bispo apresentou a palestra “Faça do seu nome um verso” e esbanjou bom humor, resiliência e atitude, ao entregar dicas valiosas de como atingir os objetivos. Ela é fundadora da Afrihub; head de Inovação da Smiles-Gol; head do Centro de Inovação e Relacionamento C-Level do Google Brasil e liderança de Nova Economia e Desenvolvimento Teritorial. “Quando você se apropria de você mesma, ninguém pode te confundir”, advertiu.

Expositoras
Rose Lourenço é uma das expositoras que brilharam na Feira das Pretas deste ano. Ela é dona da Semente Crioula, que produz roupas afrocentradas para crianças e acessórios infantis, como óculos e bonés. “Nós iniciamos só com tecidos africanos, em 2017, em São Paulo, e depois migramos para tecidos nacionais. Há 30 anos eu ‘namorava’ Salvador, sempre vindo passear na capital baiana, e há cerca de um ano finalmente vim morar aqui e trouxe a empresa”, disse. Ela conta que a Semente Crioula comercializa seus produtos em espaços colaborativos e diz que não perde a oportunidade de participar de eventos e atividades do Sebrae (online e presenciais). Seu próximo alvo será mergulhar no Empretec, em Salvador.

O capim dourado é a principal matéria-prima utilizada por Ilana Luísa Bastos para compor as bijuterias da NegaLú Acessórios. Estreante na Feira das Pretas, a MEI descreve a oportunidade como incrível. “Estar aqui é muito bom para ganhar conhecimento, fazer novos contatos e vender. Para mim está sendo uma experiência maravilhosa, estou amando”, revela. Antes de se inscrever no edital para participar como expositora, ela já havia participado de cursos e palestras promovidas pelo Sebrae, na Agência Costa Azul.

