Ato representa o resultado de um trabalho realizado pelo Sebrae, durante quatro anos, em parceria com os produtores de café da região, universidades e prefeituras
Foi protocolado na última quarta-feira (14), o pedido de reconhecimento da Indicação Geográfica do Café da Chapada Diamantina, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O ato representa o resultado de um trabalho realizado pelo Sebrae, durante quatro anos, em parceria com os produtores de café da região, com as Universidades Federal de Lavras (UFLA) e Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), prefeituras municipais, e com o consultor Luciano Seixas Ivo, mestre em Propriedade Intelectual e responsável pela empresa credenciada Glocal Service, especializada na prestação de serviços de consultoria para estruturação de Indicações Geográficas (IG) brasileiras.
O projeto de estruturação de indicação geográfica “Chapada Diamantina”, para o café, iniciou no ano de 2018 e, desde então, foram realizadas inúmeras ações através do Sebrae, visando preparar o público de cafeicultores para atuação conjunta por meio de uma entidade gestora da Indicação Geográfica.
O apoio do Sebrae se deu em todas as etapas. Desde o início, com a estruturação da entidade Aliança dos Cafeicultores da Chapada Diamantina, na construção do signo distintivo, que é a imagem representativa da IG, no levantamento histórico e cultural, na redação do instrumento oficial que delimita a área geográfica, na comprovação de que os produtores estão situados na localidade delimitada, na construção do caderno de especificações técnicas, que é um documento que reúne todas as condições para o uso do signo da indicação geográfica e na comprovação da espécie requerida, a “denominação de origem”.
Com esse reconhecimento, o café da Chapada Diamantina, que já recebeu inúmeros prêmios, deverá obter ainda mais agregação de valor, mais destaque, e uma procura maior dos produtos. Para comprovar que o café da região deve ser reconhecido como uma “denominação de origem”, foi necessário realizar um trabalho de campo em parceria com a academia e as prefeituras dos municípios inseridos, incluindo coleta de amostras, além de análises e ensaios laboratoriais, para atestar que o café da região apresenta características peculiares decorrentes do meio geográfico, como altitude, clima e temperatura.
O trabalho foi concluído com uma documentação robusta e com a expectativa de que, ao longo do ano de 2023, o INPI analise e despache favoravelmente a concessão da IG que vai ter como substituto processual, a Associação dos Cafeicultores da Chapada Diamantina.
A Cafeicultora e presidente da Aliança dos Cafeicultores da Chapada Diamantina, Tadeane Pires Matos, destacou a importância do ato de protocolo da IG, e ressaltou o trabalho realizado pelo Sebrae durante todo o processo de estruturação da Indicação Geográfica do Café da Chapada Diamantina.
“É o início de um ciclo que vai garantir o nosso valor, a nossa reputação como produtores, e a nossa identidade. A IG vai garantir que o nosso produto é exclusivo e que não existe em nenhum outro lugar do mundo. Nós que vivenciamos, produzimos e vivemos o café da Chapada, estamos cheios de esperança de que não vai ser só um início de um progresso financeiro, e sim, o início da valorização da nossa cultura. Estou emocionada em concluir esse trabalho belíssimo que teve o Sebrae nos apoiando em todos os momentos”, comemorou a produtora.
A gestora do projeto Cafés especiais da Chapada Diamantina, do Sebrae em Seabra, Márcia Serra, destaca como ponto forte do grupo beneficiado a boa resposta aos estímulos ofertados pela instituição e o engajamento nas ações de inovação, mercado e melhoria da produtividade. “Estabelecemos laços muito fortes de cooperação e empreendedorismo que possibilitaram a maturidade necessária para pleitear a IG”, observou Márcia.
O gerente regional do Sebrae em Irecê, Edirlan Souza, comemorou a finalização do projeto com a realização do protocolo junto ao órgão responsável, e ressaltou o trabalho feito em equipe para essa conquista tão importante para os produtores de café da Chapada Diamantina.
“Registrar uma indicação geográfica é algo muito grandioso. É uma forma de valorizar os produtos, agregar valor e proteger a região na qual o café é originado. Esse selo vai garantir que o nosso café é diferenciado, especial e exclusivo, algo que já sabemos, mas que será percebido como um elemento importante de distinção e promoção do nosso território. O Sebrae se orgulha muito do papel fundamental realizado durante todo esse processo de busca, e, em breve, de concretização da IG”, concluiu Edirlan.
Premiações internacionais
O Café da Chapada Diamantina já ganhou o status de Gourmet e tem sido premiado nos melhores concursos do mundo. De sabor marcante, a bebida é suave, com notas de melaço, frutas cítricas e vermelhas, acidez elegante e aroma intenso. Da região, também saem blends exclusivos, que são combinações de grãos e pontos de torra diferentes.
A produção local já recebeu inúmeros prêmios, sendo várias vezes campeão baiano, brasileiro e até mundial. A Chapada Diamantina tem superado regiões tradicionais do Brasil, e já é considerada por grandes especialistas como o local de origem dos melhores cafés do país.
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