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Empreendedoras participam do talk show Mulheres Negras, Negócios Brilhantes em Salvador

Evento compõe as ações do Sebrae no Novembro Negro em prol da valorização e visibilidade do afroempreendedorismo
Por Rosana Silva para ML Comunicação
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A jornada empreendedora, os desafios encontrados no trabalho e os planos para o futuro estiveram entre os temas abordados pelas empresárias Cynthia Paixão, Iasmine Fernandes e Juliana Lima no Talk Show “Mulheres Negras, Negócios Brilhantes”, com a mediação da jornalista Wanda Chase. O evento integra as ações do Sebrae no Novembro Negro, que buscam valorizar e dar visibilidade ao afroempreendedorismo.

Wanda Chase deu início à conversa ressaltando o papel criativo das mulheres negras, ainda no período de escravização e nos pós-abolição, de encontrar formas inovadoras de trabalho para garantir renda para si, para a família, como também para comprar cartas de alforrias. Depois, a jornalista parabenizou as empresárias presentes na mesa. “Vocês são vencedoras, antes de qualquer coisa, são exemplo, e acredito que muitas mulheres sairão daqui hoje com ideias para fundar seus negócios”, afirmou.

Ao longo do talk show, as empreendedoras falaram sobre os desafios da jornada à frente do próprio negócio. A proprietária da AMUU!, que faz produção sustentável de cosméticos, Juliana Lima, afirmou que decidiu trabalhar com uma marca que fizesse com que as pessoas cuidassem mais de si, porque presenciou as mulheres da família serem obrigadas a cuidar de outras pessoas. “Construí um caminho de cuidado com o corpo, mas também do ambiente, da saúde mental, com a aromoterapia. Quero também mostrar às mais novas que existem formas de construírem um futuro diferente’, relatou.

Ao ser questionada sobre a vida na infância, a empresária Iasmine revelou que teve uma infância feliz e foi nela que aprendeu a costurar roupa para as bonecas com a mãe. Ao trabalhar no shopping, ela aprendeu a vender muito bem e com essa experiência construiu a loja de roupa Casa da Preta, onde as mulheres podem comprar sem a pressa e de forma consciente”, disse.

Já empresária Cynthia Paixão, proprietária da AfroCentrados Loja Colaborativa, contou que começou a trabalhar cedo para ajudar a mãe. Com a tia, conheceu o Ilê Aiyê e realizou o sonho da infância quando se tornou a deusa do ébano do bloco afro. Ela começou a trabalhar com uma loja, no bairro de Valeria, de moda praia para mulheres gordas, mulheres de corpos reais. “Conheci outras mulheres e homens negros que enfrentavam o mesmo problema que eu – manter o negócio. Assim, nasceu o projeto e convidei essas empreendedoras para a minha loja”, relatou.

Cyntia ficava na loja e vendia os produtos de todos os empreendedores”. Hoje a empresária está à frente “da maior rede colaborativa de empreendedores com quase 100 marcas de empreendedores de Salvador, região metropolitana, São Paulo e Rio de Janeiro”, disse.

As empreendedoras responderam também sobre os planos para o futuro. “A minha meta é trabalhar para que consiga a minha expansão internacional, porque fora do país a procura é maior. Então, se eles querem comprar, eu quero vender”, disse Juliana.

Já a dona da Casa da Preta busca também expandir a venda das suas peças. “Hoje tenho a comunidade Escola de Coragem em que explico que, por mais que falte recurso para abrir um negócio, se houver coragem, você pode vencer. Então, quero aumentar os membros da minha comunidade. E quero que a Casa da Preta se torne uma casa de atacado para que outras mulheres possam empreender”, apontou.

Cynthia Paixão disse que tem duas metas a cumprir. “A principal meta e atingir mulheres de dentro da periferia, aquela mulher que vende bolo de pote, geladinho, que engoma roupa, quero fazer com que ela venha para o espaço onde estou. Mas sei que elas ainda não têm acesso a mim, então, quero ir até elas”. E a outra meta, prossegue a empresária, é levar o Afrocentrados para o mundo digital. “Por isso, quero que nosso marketplace levar os produtos físicos para o mundo digital”, contou.

A gestora do Sebrae e coordenadora estadual do Empretec, Eliana Brito, falou sobre a importância do apoio ao afroempreendedorismo. “Quando falamos apenas de empreendedorismo feminino, não conseguimos perceber as particularidades dele. Quando falamos de empreendedorismo negro, o contexto fica ainda mais crítico, mas isso não pode interferir na nossa atuação, da atuação de vocês”, disse.

Eliana ressaltou que, por mais que existam esses desafios, é preciso permanecer. “E o Sebrae tem entendido que o empreendedorismo feminino, negro tem as suas especificidades. Por isso, o Sebrae Plural, o Sebrae Delas tem buscado entender essa realidade para apoiar esses negócios”, concluiu.