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Estudo aponta que 51% dos negócios de empreendedoras baianas estão no setor de serviços

Sebrae Bahia lança 3ª edição da pesquisa “Desafios e Oportunidades do Empreendedorismo Feminino na Bahia”
Por Marcia Gomes para ML Comunicação
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As mulheres têm cada vez mais galgado espaços de expressividade no empreendedorismo baiano. Versáteis e criativas, elas inovam e se superam a cada ano. Prova disso é que a terceira edição da pesquisa “Desafios e Oportunidades do Empreendedorismo Feminino na Bahia” aponta que 51% dos negócios dessas guerreiras estão inseridos no setor de serviços. Na primeira edição o percentual era de 39% e, na segunda, 45%. O estudo também evidencia o recorte racial e mostra que, no estado, 77% das mulheres empreendedoras se identificam como negras (pretas e pardas).

A sondagem foi realizada de fevereiro a março de 2025, ouviu empreendedoras de variados segmentos e tem como objetivo conhecer o perfil, as necessidades e os propósitos da mulher que empreende na Bahia. Outros dados de destaque são que 28% das entrevistadas recebem mensalmente de um a dois salários mínimos (R$ 1.518,01 a R$ 3.036,00); 73% não possuem sócios; e 39% das mulheres são chefes de domicílio.

Essa edição identifica que 67% das empreendedoras são mães, mas apenas 34%
contam com o apoio do marido para manter os cuidados com a casa e os filhos. Em 2024, o percentual era de 32% e, em 2023, 37%. E, como se não bastasse isso, 53% das respondentes disseram que já sofreram algum tipo de preconceito pelo fato de serem mulher e empreendedora – porcentagem que representa um aumento de 9% desde a primeira pesquisa. A insegurança e o medo do fracasso são o principal desafio apontado por elas (26% das respostas), superando a dificuldade de acesso a crédito, que antes figurava como o maior obstáculo.

“A divulgação de uma pesquisa como essa tem um papel estratégico e transformador para o ecossistema do empreendedorismo feminino na Bahia. Os dados nos ajudam a entender o contexto da jornada empreendedora dos negócios liderados por mulheres”, explica a gestora do Programa Sebrae Delas na Bahia, Rosângela Gonçalves, que complementa. “Divulgar esses dados amplia o debate, estimula a formulação de soluções práticas e empodera as mulheres com conhecimento sobre o cenário em que estão inseridas, incentivando a busca por melhorias, parcerias e crescimento sustentável”.

O Sebrae Delas é um programa criado especialmente para impulsionar o empreendedorismo feminino, com ações que fortalecem o protagonismo das mulheres nos negócios. Ele oferece capacitações online e presenciais, mentorias, eventos de networking, acesso a mercado e a redes colaborativas de apoio entre empreendedoras. “As empreendedoras podem acessar o Sebrae Delas visitando a agência local do Sebrae, pelo site sebraedelasbahia.com.br, ligando para 0800 570 0800 ou seguindo nossas redes sociais para programação e oportunidades. Também é possível participar de atividades via grupos no WhatsApp regionais, eventos e comunidades que promovem troca de experiências e apoio entre mulheres”, explica Rosângela Gonçalves.

Enquanto o setor de serviços avançou de 39% (2023) para 51% (2025), o comércio se moveu na direção oposta. Em 2023, 50% dos negócios de empreendedoras na Bahia pertenciam ao setor de comércio. Em 2024, o percentual baixou para 42 % e na sequência o registro é de 38%, em 2025. Para Rosa Gonçalves, a migração do comércio para os serviços entre as empreendedoras baianas pode ser explicada por maior flexibilidade e autonomia no setor de serviços; crescimento de negócios digitais e informais; e baixo custo de entrada e compatibilidade com a jornada feminina.

“Essa mudança reflete uma transformação no perfil dos negócios liderados por mulheres na Bahia. O setor de serviços tem se mostrado mais acessível e flexível para quem está empreendendo, especialmente para as mulheres, que muitas vezes conciliam trabalho com outras responsabilidades, como o cuidado com a família. Além disso, a digitalização dos negócios e o crescimento da economia criativa têm aberto novas oportunidades em áreas como beleza, saúde, educação, consultoria e tecnologia — segmentos muito presentes no universo feminino. Já o comércio tradicional enfrenta maiores desafios logísticos e de capital inicial, o que pode ter contribuído para a redução da sua representatividade”, compara.

Oratória

Há sete anos, Ana Lima atua como microempreendedora. “Quando comecei, tínhamos uma doceria virtual. Hoje, minha maior dificuldade é escalar meus produtos. A maturidade no empreendedorismo faz muita diferença! Com o passar do tempo, vamos buscando capacitações que nos deem o retorno que esperamos”, comenta. Depois dos doces, mudou de ramo e há dois anos trabalha com desenvolvimento de pessoas com ênfase em oratória e comunicação. É, ainda, palestrante, mentora e consultora. Casada e mãe do Carlos Emanuel e da Dandara, Ana tem a sorte de contar com pessoas que a auxiliam a conciliar as tarefas de mãe, dona de casa e empreendedora. “Tenho uma excelente rede de apoio (mãe, tias, tio e prima), mas isso não significa que dou conta de tudo, mas sim que em cada momento priorizo algo”, conta.

Para Ana Lima, as principais características de uma empreendedora de sucesso são ter resiliência, coragem e determinação. Sobre as dificuldades de sua trajetória, lembra que já enfrentou e ainda enfrenta situações de preconceito. “Sempre preciso mostrar mais conhecimento e domínio. Mulher negra e nordestina enfrenta mais obstáculos no caminhar! Mas seguimos firmes!”, diz confiante. Sobre o futuro, dispara: “Eu almejo sucesso e dinheiro! Já transformo vidas através da oratória. Quero também construir uma vida financeira confortável para mim e para minha família”.