A pandemia mudou a rotina da educação e exigiu adaptações de professores e alunos, com a adoção das aulas remotas. Essa foi uma realidade encarada por estudantes de diversos níveis e realidades e exigiu a ampliação da capacidade criativa para lidar com o momento adverso. Dois municípios do Norte baiano trazem experiências positivas na manutenção das atividades e também dos conteúdos de educação empreendedora aplicados junto aos alunos.
Os relatos vêm de Juazeiro e Sobradinho, onde o projeto Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP) traz impactos positivos para os alunos e, por consequência, para suas famílias e comunidades. É o que explica Clemilda Souza, diretora e coordenadora pedagógica da Secretaria de Educação de Juazeiro. “Estudar empreendedorismo na educação formal impacta na vida das crianças, pois elas se sentem protagonistas de suas realidades, o que facilita enxergar o outro”, conta.
Clemilda citou o projeto desenvolvido no município, o Juazeiro Cidade Educadora, que buscou ampliar as possibilidades de ensino a distância, no qual os professores foram convidados a ministrar aulas pelo YouTube. Outra ferramenta utilizada para manter as atividades nesse período de pandemia foi o WahtsApp. “O Sebrae deu todo o suporte necessário para esse trabalho junto ao professor, no aspecto da gestão pedagógica e no apoio ao docente no ambiente virtual”, explica;
A diretora conta ainda que os professores buscaram colocar em prática temas que poderiam ser trabalhados nesse período virtual. “Alunos do sexto ano, por exemplo, desenvolveram um projeto voltado para o reaproveitamento de recursos em suas comunidades. Trabalhamos a cultura digital e produção de vídeo junto aos estudantes. Foram estratégias importantes para que o aluno mantivesse contato com a escola nesse contexto de pandemia”.
Para Clemilda, a educação empreendedora é capaz de transformar a vida dos alunos. “O JEPP é um projeto inovador e está em nosso município desde 2014, impactando mais de 9 mil alunos. Entendemos que, para além da ideia de pensar em um negócio próprio, empreendedorismo é uma questão de postura. Com esses conhecimentos, os alunos se tornam mais proativos e trazem benefícios para eles, suas famílias e comunidades”, conclui.
Concurso de vídeos
Não muito longe dali o JEPP vem também fazendo a diferença de outros estudantes. A cidade de Sobradinho, que fica a cerca de 50 km de Juazeiro, manteve os alunos sob as práticas da educação empreendedora nesse período de pandemia.
Ducilene Kersting, secretária de Educação do município, conta que as escolas de Sobradinho buscaram manter suas atividades de forma remota, por meio de grupos de WhatsApp, Instagram, Facebook e outras tecnologias acessíveis.
Da mesma forma que Clemilda, Ducilene conta que o foco está sempre em tornar o aluno protagonista das ações. O JEPP foi inserido na rede municipal em 2014 e, desde então, tornou-se permanente no currículo de Sobradinho.
“A educação empreendedora deve ser uma missão permanente, visando sempre a diversidade para que possa se construir a identidade de nosso município”, explica. “Colocamos no currículo a necessidade de os estudantes serem atuantes, críticos, criativos e capazes de refletir e agir na sociedade em que vivem”, completa Ducilene.
Ela conta que, nesse período de pandemia, foi implementado um concurso de vídeos para que os alunos abordassem a temática do meio ambiente. “Tivemos uma repercussão muito positiva, inclusive no sentido de sensibilizar a comunidade para que se perceba a questão ambiental como uma responsabilidade de cada um”.
A repercussão foi tão positiva que já está previsto um segundo concurso de vídeos para este mês de agosto, focado no trabalho junto à identidade do município por meio dos saberes culturais.
“A pandemia não impediu que nossas atividades fossem mantidas. O desafio foi ressignificar esse processo”, diz. “Importante ressaltar que a educação empreendedora é focada no sentido de os alunos interagirem com o mundo de forma consciente para ser um cidadão, um sujeito ativo participando desse processo de construção de um mundo melhor”, conclui.
Primeiros passos
O JEPP procura apresentar práticas de aprendizagem, considerando a autonomia do aluno para aprender, além de favorecer o desenvolvimento de atributos e atitudes necessários para a gestão da própria vida.
Com a proposta pedagógica do JEPP para cada ano do ensino fundamental, por meio de atividades lúdicas, o ambiente da aprendizagem sensibiliza os estudantes a assumirem riscos calculados, a tomarem decisões e a terem um olhar observador para que possam identificar, ao seu redor, oportunidades de inovações, mesmo em situações desafiadoras.
A partir das experiências de Juazeiro e Sobradinho, a analista da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae Bahia, Ana Luci Des Graviers ressalta que um dos aspectos importantes da educação empreendedora é que por meio do seu conteúdo, é possível fortalecer a autoestima e ressignificar acontecimentos, permitindo que mesmo em períodos de dificuldades, seja possível planejar, encontrar soluções para problemas complexos e impulsionar novas redes de contato.
“No caso do Ensino Fundamental, o Sebrae conseguiu articular o conteúdo de Educação Empreendedora com processos de desenvolvimento de competências que podem ser realizados em casa no dia a dia. Assim, foi possível, por meio da metodologia do JEPP Remoto, que o aluno aprendesse e exercitasse a cidadania separando o lixo da sua residência, identificando aquele que pode ser reaproveitado na elaboração de produtos e sempre com a supervisão ativa de um adulto responsável”, conclui.
Municípios interessados em aderir ao JEPP podem mandar um e-mail para [email protected].