A internacionalização das startups foi o tema de discussão em dois painéis que compuseram a programação da Bahia Tec Experience (BTX), maior encontro de tecnologia e inovação da Bahia, na tarde de sexta-feira (3), no Centro de Convenções Salvador.
O empreendedor, criador da Startup Bootcamp, Richard Celm, e o fundador da Kubota, Leandro Santos, falaram sobre caminhos para o desenvolvimento das startups no painel “Corporações globais e startups internacionais: como se conectar”.

Segundo Leandro Santos, os fundadores das startups precisam conhecer bem o seu produto, o mercado, e saber se o investidor dialoga com suas ideias. “Inicialmente, pesquisar se a empresa é certa para você é importante. Busque relatórios anuais para investidores, nele pode-se entender o que fazem, se a empresa está indo na direção que quer ir”.
Questionado sobre o que busca em startups, Richard Celm responde quais critérios considera. “Busco por startups qualificadas, mas que tenham um time fundador que seja excepcionalmente apaixonado por suas ideias, por tecnologia, que saibam onde estarão daqui a 12 meses. Se esse time não existe é preciso encontrá-lo. O CEO precisa, por exemplo, propagar a empresa da melhor maneira possível”.
Segundo Celm, enquanto investidor, é preciso encontrar alguém que queira se arriscar. “É necessário buscar aqueles que queiram investir e colocar a cabeça na guilhotina. Buscar conhecer as pessoas e adquirir certa intimidade, ter uma conversa franca sobre poder ou não entregar o que se propõe. E, assim, criar uma relação de confiança”.
Como apresentar uma startup, suas soluções em outros países? Existe a necessidade de adaptar-se à nova cultura? Essas e outras perguntas foram respondidas no painel “Cultura de Negócios e Diversidade da Internacionalização”, com a presença da fundadora da Foundervine, Izzy Obeng, e pelo fundador da BIG, Cláudio Goldback.

Questionados sobre quais ganhos e perdas, por parte dos empreendedores, ao lidar com as diferenças culturais em outros países, Cláudio Goldback fala da necessidade de se discutir o assunto. “Se não houvesse diferença, não precisávamos falar sobre ela. A parte difícil de fazer contato fora do Brasil é o idioma, mas a cultura revela a forma como somos por meio das atitudes. Fazer negócios no Sul do país é diferente de fazer em Salvador. Agora, imagine isso no exterior tendo de lidar com o idioma e a cultura? Mas, considero o cuidado com o comportamento mais importante do que lidar com o idioma”, explicou.
Izzy Obeng também avalia como importante o modo de lidar com pessoas em diferentes países. “O brasileiro é simpático e posso, em um happy hour, fechar negócio. No Reino Unido, as pessoas são mais introvertidas, nos Estados Unidos estão mais interessados no que o negócio irá transformar suas vidas. Tudo isso precisa ser respeitado e levado em consideração durante o processo de levar uma startup para novos países”, ressaltou.
Em relação às diferenças de nacionalidade existentes em um time, Goldback coloca que isso pode se tornar um benefício. “A beleza da heterogeneidade de uma equipe está na possibilidade de organizar cada um em posições específicas, levando em conta as diferentes qualidades”.
A necessidade de acreditar no próprio potencial, ao sair do país, é fundamental na busca pelo sucesso, como explica Obeng. “Saber quem somos e valorizar a nossa identidade tem muito valor. Sou uma mulher negra, tenho minha cultura, minha ancestralidade e quem quiser trabalhar comigo vai saber quais meus valores, integridade, vai conhecer e se adaptar a cultura da organização.” A empreendedora avalia o fato de os brasileiros expressarem orgulho da própria cultura, mas, ao sair do país, isso não transparece. “Os americanos também têm orgulho da sua cultura. Mas, ao sair do país, eles enxergam um McDonalds onde quer que estejam, eles têm um espelho. Então, sejam as pessoas que gostariam de ver ao sair do seu país”.
Segundo Claudio Goldback, a experiência é um estímulo para a autoestima dos fundadores. “Selecionamos empresas que têm potencial e as levamos em missões, para que enxerguem sua capacidade para realizar seus trabalhos. Esse é o melhor remédio”.
BTX25 segue até sábado (4)
A Bahia Tech Experience (BTX25) acontece até o próximo sábado (4) no Centro de Convenções Salvador e é uma realização do Sebrae e do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), com apoio da Solvum. O encontro integra o convênio firmado entre as instituições, com duração de três anos e investimento de R$ 15 milhões.
Durante os três dias, a programação gratuita inclui palestras, workshops, batalhas de pitch, experiências interativas e capacitações nas áreas de inteligência artificial, blockchain, biotecnologia, computação quântica, agritechs, govtechs, energia, empreendedorismo feminino e de impacto social, entre outras.
A edição deste ano conta ainda com rodadas internacionais com painelistas de Singapura, Portugal, Itália, Inglaterra, Estados Unidos, Holanda e Alemanha. Também serão expostos 12 games autorais baianos, como o Árida 2, além de mais de 150 startups, 12 projetos estudantis da rede estadual e 26 estandes de parceiros institucionais — entre universidades, incubadoras e aceleradoras.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site [https://www.bahiatechexperience.com.br/], onde também está disponível a programação completa.

