O Sebrae Bahia reforçou a batalha pela promoção da igualdade e inclusão e o combate à discriminação, com o lançamento da campanha “Empreender tem poder”. O objetivo é orientar mulheres empreendedoras que lutam para gerir seus negócios em meio às adversidades que surgem no dia a dia, a partir do confronto com inúmeros preconceitos.
A campanha, da agência Nova, é elaborada com a fala inspiradora de empreendedoras como Débora Santos (Churros Divino & Cia), Najara Black (N Black) e Geórgia Nunes (Amora Brinquedos). Nas peças publicitárias – que serão veiculadas em TV, internet, jornal e revista – elas narram suas trajetórias no ambiente de negócios, repletas de superação, e contam como converteram barreiras como racismo e machismo em força para seguir adiante e triunfar.
As histórias de vida das três personagens mostram que transformar exclusão e preconceito em energia para empreender é viável. “A nossa estratégia foi focar em casos reais de mulheres pretas que empreendem, superam desafios e inspiram outras mulheres, para posicionar a instituição e fortalecer a marca Sebrae no recorte da interseccionalidade racial e de gênero”, afirma Camila Passos, gerente-adjunta de Marketing e Comunicação do Sebrae Bahia.
A vencedora do Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora 2022 (categoria Pequenos Negócios), Georgia Nunes, é um exemplo de persistência com vistas ao sucesso. De acordo com a empresária, seu negócio social, a Amora, uma linha de bonecas negras e brinquedos antirracistas durante muito tempo não deu lucros mas seguiu firme e forte com o propósito social. “Receber o prêmio foi muito importante, sobretudo porque estou à frente de um negócio social feminino, com o propósito de construir uma educação antirracista. É muito difícil empreender sendo mulher nesse país, onde a trama da nossa vida é enviesada por ações de machismo. Mais difícil ainda é investir em um negócio social. Mas estou orgulhosa de ver onde a Amora conseguiu chegar. Esse prêmio é um reconhecimento de que negócios sociais são possíveis, sim”, aponta.

Após ter sido vítima de racismo em entrevistas de emprego, Najara Black tornou-se estilista e criou a própria marca, a N Black. Com loja em um shopping de Salvador, ela acaba de lançar uma coleção dedicada a mulheres de representatividade, com a temática “Eu existo e Resisto”. Ela própria e mais quatro modelos emprestam o corpo para compor o editorial de moda da coleção. São elas a maquiadora Maili Santos, a jornalista Gabriela Cruz, a modelo Bell Rocha e a grafiteira Sista Kátia.

Débora Santos de Almeida, dona da Churros Divino & Cia., lembra que uma das dificuldades que enfrentou para empreender foi ter acesso à linha de crédito em bancos. Ela atribui a situação ao fato de ser uma mulher preta. “A gente faz o plano de negócios, apresenta ao gerente, mas, sem motivo aparente, mesmo com o nome limpo e tudo ok, eles não liberam a linha de crédito. E quando liberam é um valor bem abaixo do que a gente precisa para alavancar o negócio”, comenta. “É muito difícil eles acreditarem no nosso potencial de mulher preta, de acreditar que nosso negócio tem grande potencial”, aponta.
Débora lembra que há dois anos participa de todos os eventos a que tem acesso no Sebrae, cursos, mentorias, treinamentos, palestras, com o intuito de aprender sempre mais e impulsionar a empresa. Outro ponto que destaca é sobre a comercialização de seus produtos em grandes eventos de Salvador. “É muito difícil ter acesso às redes de apoio para participar de grandes eventos. Na maior parte das vezes, quem consegue colocar seu trailer, seu carrinho, são pessoas brancas, que já têm um bom poder aquisitivo”, observa.
Pesquisa
A campanha “Empreender tem poder” surge após a avaliação dos dados coletados na Pesquisa Desafios e Oportunidades do Empreendedorismo Feminino 2023, elaborada pelo Sebrae Bahia. Segundo o levantamento, 56% das empreendedoras entrevistadas já sofreram algum tipo de preconceito por serem mulheres e empreendedoras. Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo, mulheres correspondem a 50% da população do Brasil e representam 46% dos empreendedores iniciais.
Em 2020, o Sebrae Bahia estruturou o Núcleo para Diversidade e Inclusão, responsável por discutir e implementar ações que contribuem para o respeito à dignidade humana e superação de preconceitos e quaisquer formas de discriminação. A instituição está focada em lançar luzes sobre as reflexões de diversidade e inclusão; e o objetivo é contribuir para uma sociedade mais igualitária, inclusiva e antirracista, para desenvolver o empreendedorismo sustentável na Bahia.
O comprometimento do Sebrae Bahia com a causa do empreendedorismo feminino tem atenção especial para a diversidade e a inclusão, com o recorte específico de igualdade de gênero e racial. Tal postura alinha a instituição ao ODS 10 (Redução das Desigualdades) da Agenda da ONU – que pretende “até 2030 empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra”.

