O papel do Sebrae na priorização da diversidade foi tema de um painel realizado na tarde desta sexta-feira (29), no Casarão 17, no Centro Histórico de Salvador. O debate ocorreu no espaço Sebrae Black Lab, que integra a programação do Festival Afrofuturismo Ano VI. O gerente adjunto de Empreendedorismo, Diversidade e Inclusão e membro do comitê do ESG no Sebrae Nacional, Eraldo Ricardo, e a coordenadora nacional do programa Sebrae Plural, Fau Ferreira, abordaram o papel da instituição no apoio e fortalecimento do afroempreendedorismo.
Fau Ferreira abordou um dos desafios enfrentados por empreendedoras e empreendedores negros que é o acesso a crédito. “Os números mostram que apenas 26% desses empreendedores têm acesso a crédito. Esse é um dos problemas mapeados que precisam de uma solução efetiva”, apontou.
Eraldo Ricardo citou estratégias do Sebrae, como o Fundo de Aval da Micro e Pequena Empresa – Fampe, que busca solucionar o problema geral da dificuldade de acesso a crédito para quem está à frente de pequenos negócios. Mas ele ressaltou que é preciso de um olhar diferenciado para o afroempreendedorismo. “É preciso que as instituições financeiras tenham coragem de apresentar propostas que sejam, de fato, acessíveis para empreendedoras e empreendedores negros”, afirmou.
Eraldo também destacou que o Sebrae tem fortalecido, cada vez mais, o seu papel nesse campo de atuação, buscando fazer sua parte para transformar a realidade. “A expectativa é de um investimento de R$ 25 milhões em ações afroempreendedorismo em 2025”, projetou.
Roda de conversa
As empresárias Cynthia Paixão e Nina Silva participaram de um bate-papo, também mediado por Fau Ferreira, para falar sobre o futuro do empreendedorismo. A ancestralidade e a luta coletiva foram a tônica da conversa, que expôs também os inúmeros desafios enfrentados por empreendedoras e empreendedores negros.
Proprietária da loja Afrocentrados, um espaço dedicado à valorização da cultura afro-brasileira, Cynthia promove produtos que refletem essa rica herança e empodera a comunidade. Ela é presidente do Coletivo Afrodonas, uma organização que visa empoderar mulheres negras e promover a troca de experiências e conhecimentos entre empreendedoras.
“Para mim, o empreendedorismo foi uma forma de encontrar liberdade financeira. Ter autonomia para pagar as contas e, ao mesmo tempo, ter autocuidado. O empreendedorismo é uma forma de me fortalecer enquanto mulher negra e periférica”, afirmou.
Executiva em tecnologia há mais de 20 anos, especialista em Gestão de Negócios e Inovação, com atuação internacional, tendo gerenciado mais de 100 projetos na sua carreira. CEO e fundadora do Movimento Black Money e D Black Bank, Nina é empresária, investidora anjo, conselheira de administração (formada pelo IBGC). Foi considerada a Mulher Mais Disruptiva do Mundo pela Women in Tech Global Awards 2021. Nomeada uma das 20 Mulheres Mais Poderosas do Brasil, pela Forbes; uma das 100 afrodescendentes mais influentes do mundo abaixo de 40 anos pela MIPAD (Most Influential People of African Descent).
“Nosso caminho é ancestral e a ancestralidade tem importância para guiar nossos caminhos. Temos um motivo para potencializar nossas ações, ecoar nossas vozes e criar nossas próprias perspectivas, sem esquecer que, embora estejamos em um lugar positivo, há ainda muito o que fazer”, disse.
Afrofuturismo
Com o tema Adinkras – o código fonte da liberdade, o maior evento de diversidade, cultura ancestral, tecnologia e inovação da América Latina, promovido pelo Hub de Inovação Vale do Dendê, apresenta tendências também de empreendedorismo relacionadas ao universo afro-brasileiro.
O Sebrae Black Lab está aberto ao público das 11h às 20h. O espaço oferecerá uma reflexão sobre o passado, o presente e o futuro dos afronegócios por meio da valorização e do reconhecimento de personalidades negras inovadoras, da promoção de debates sobre ancestralidade, futurismo e empreendedorismo, além do compartilhamento de experiências dos protagonistas de agora.
Casa Sebrae
O Sebrae ainda promove no festival a Casa Sebrae, na Praça Tereza Batista, no Pelourinho. Lá será possível acompanhar a Feira das Pretas, com um time de 20 afroempreendedores que irão expor seus produtos afrocentrados em estandes. Além disso, haverá variadas atividades, tais como palestras e painéis sobre: acesso a crédito, afrofashion, técnicas de vendas, gestão, empreendedorismo e autocuidado, bem como desfile de moda, balcão crediafro, entre outras.