Ao dar os primeiros passos no mundo dos negócios, o empreendedor se vê diante de um desafio: a gestão financeira. Para facilitar a trilha rumo ao sucesso, o Sebrae promoveu, na tarde de quarta-feira (23), na Agência Costa Azul, em Salvador, a palestra “Como separar as finanças pessoais das empresariais”, ministrada pela analista administrativo financeiro do Sebrae Bahia, Ivana Ruiz, contadora e especialista em BPO Financeiro. O objetivo do encontro foi apresentar os riscos de se misturar as finanças, destacar estratégias práticas de organização do dinheiro e estimular a mudança de maus hábitos para uma forma saudável de lidar com os ganhos.
Antes de se debruçar sobre o ponto central da palestra, Ivana Ruiz falou sobre crenças limitantes que sabotam a mente e travam o sucesso de quem deseja empreender, a exemplo de frases como “dinheiro não traz felicidade”, “dinheiro é sujo”, entre tantas outras. A analista explica que o setor financeiro deve estar bem estruturado para que a empresa apresente resultados positivos. “Todo mundo que começa a empreender tem dificuldade de lidar com dinheiro e geralmente tem medo de encarar o financeiro. Não é fácil lidar com números, mas é muito importante, porque o financeiro é o coração do negócio. E é importante vocês aprenderem isso desde o início, enquanto a empresas de vocês é pequena, porque, depois que cresce, a dificuldade fica muito maior”, observa.
Ivana apontou alguns dos efeitos causados pelo empreendedor que mistura o dinheiro pessoal com o da empresa. “Vocês ficam sem clareza do que realmente recebem, a empresa fica à mercê da vida pessoal do dono do negócio, vocês ficam com a sensação de que estão trabalhando e não estão ganhando nada, não fazem reserva nem conseguem investir e acabam tratando a empresa como se fosse um caixa eletrônico”, aponta.
Algumas das estratégias para separar as finanças são: ter duas contas bancárias (PF e PJ); definir o próprio salário e aprender a viver com ele; estabelecer dia de pagamentos; se necessário, criar uma outra fonte de renda. Além disso, a analista mostrou que os bons hábitos levam à boa performance. “É importante registrar os lançamentos diários ou semanais, sempre fazendo a conferência do saldo. Outra atitude muito importante é ter um documento de apoio do extrato bancário, para ticar os lançamentos efetuados”, ensina Ivana Ruiz.
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A gestora reforça, ainda, que os pagamentos devem ser agendados para evitar atrasos e a incidência de juros, bem como deve ser feito o arquivamento dos comprovantes de tudo o que for pago, para que possam ser lançados no Fluxo de Caixa. Ivana Ruiz também apresentou a ferramenta gratuita do Sebrae para gerenciar essas tarefas disponível nesse link. “Vocês só conseguem tomar decisões estratégicas boas e válidas para o negócio, se conseguirem enxergar o dinheiro e entender o que ele está querendo dizer”, pontua.
Mudança de mindset
Gislane Silva Chagas tem um salão de beleza no Cabula VI, o Estúdio GS Podologia. No início do encontro, ao ser questionada pela palestrante sobre como realiza a gestão financeira da empresa, Gislane admitiu que ainda não consegue separar o que é dinheiro da Pessoa Física do que pertence à Pessoa Jurídica. “Eu entendi que precisava organizar as finanças quando comecei a identificar que o dinheiro entra, mas eu não conseguia saber no que exatamente estava sendo gasto. Sem falar nos imprevistos que sempre aparecem e eu sem ter um fundo de caixa”, lembra.
Ao final da palestra, Gislane afirmou que várias luzes se acenderam em sua cabeça. “Após assistir à apresentação de hoje, eu cheguei à conclusão de que preciso começar a fazer anotações básicas, para depois ir aprofundando, registrar as entradas e saídas, registrar as datas de pagamentos e as de recebimento, porque no meu ramo a gente não tem um valor fixo diário ou mensal, então tem que estar tudo muito bem organizado”, frisou.
Há 10 meses, o engenheiro mecânico Eliel Oliveira de Almeida deixou de ser celetista e tornou-se sócio da esposa, Alessandra da Silva Vasconcelos Almeida – formada em Contabilidade -, ao criarem O Mundo Roxo Açaiteria, em Itapuã. “Quando nós decidimos empreender, buscamos um negócio que tivesse rápida liquidez. Com a açaiteria, a cada venda que eu realizo eu consigo me capitalizar. No segmento da engenharia precisa de mais tempo, tenho que montar uma carteira de clientes, ganhar confiança no mercado, até começar a construir a estabilidade financeira”, comentou.
Eliel Almeida lembra que tem sido difícil separar o dinheiro da empresa do dinheiro pessoal e por isso ele e a esposa decidiram assistir à palestra. Ao final do evento, estava mais tranquilo o satisfeito com os ensinamentos adquiridos. “Depois dessa palestra, vamos priorizar ainda mais o levantamento de informações. Se a gente não souber tratar muito bem os dados, as metas estabelecidas, todo o trabalho fica comprometido, se perde”, avalia.

