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Feira das Pretas no BTX fomenta tecnologia e inovação nos negócios das empresárias negras

Feira reuniu estantes com produtos e alimentos, além de painéis que trataram sobre saúde mental, inovação e tecnologia
Por Rosana Silva
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Nesta sexta-feira (29), no Parque Tecnológico da Bahia, a Feira das Pretas ocupou espaço no Bahia Tech Experience (BTX), maior evento de tecnologia e inovação do estado. Realizado pelo programa Sebrae Delas, a Feira das Pretas propôs impulsionar a tecnologia e a inovação dos 18 empreendimentos liderados por mulheres negras, em dois estandes do BTX, como explica a gestora do Sebrae Delas em Salvador, Taiane Almeida.

“Estarmos num evento sobre inovação e tecnologia, com a apresentação de novas soluções no mercado, com palestrantes internacionais, significa trazer para essas empresárias uma nova visão de como a inovação pode ser barata e pode impulsionar os negócios delas”, explica.

Essa foi a motivação que fez a expositora Ana Carla Carvalho, proprietária da Ana’s Doces, buscar participar da feira. “Como quero expandir meu negócio, é importante conhecer mais recursos digitais. Acredito que posso encontrar esse conhecimento aqui”. Para Ana, seu negócio busca melhorar a vida das pessoas, com doces e bolos caseiros. “O doce na medida certa melhora o dia, desperta o bem-estar e a memória afetiva”, diz.

Com a Marargila, marca de argila 100% natural, vegana, não testada em animais, a expositora Amanda Conceição promove o autocuidado, à saúde e beleza. Ela acredita que a inovação é fator relevante para seu negócio. “Nesse evento busco inspiração para pensar sobre meu produto. Estou no processo de mudança do modelo de negócio do B2B [empresa vende para empresa] para o B2C [empresa vende para consumidor final], entendendo ainda como atender o público novo. Acredito que aqui possa obter conhecimentos, além de divulgar a marca”, explica.

Cáren Cruz apresentou a Pittaco Consultoria de Imagem e levou o “Color Day”, um plantão para atender mulheres negras e fazer o teste de cores para a Feira. “A pele da mulher negra pode ser avaliada tranquilamente. Podemos ver beleza para além do que o mercado impõe e questiona”. Com a startup de imagem focada em diversidade, a Pittaco Academy, ela ofereceu o processo de teste de cores totalmente digital. “A análise da coloração é feita online, diferente da Pittaco Consultoria, no qual o teste é feito presencialmente”, explicou.

Painéis para mulheres no BTX

A Feira das Pretas apresentou dois painéis que reuniu empresárias de destaque para tratar de assuntos relevantes no mundo dos negócios. O painel “Gestão das Emoções e Saúde Mental da Empresária Negra”, mediado pela gestora estadual do Sebrae Delas, Rosângela Gonçalves, abordou o comportamento empreendedor e a saúde mental das mulheres.

A treinadora sistêmica, Cátia Andrade, apontou a necessidade de as mulheres se reconhecerem enquanto empreendedoras, modificando alguns padrões. “Muitas mulheres enxergam o trabalho apenas como forma de subsistência. É preciso ter a auto percepção do seu negócio, ressignificar a relação com o dinheiro e tê-lo como algo bom, além de saber liderar para determinar o rumo dos negócios”. Em relação ao bem-estar, a arteterapeuta Nara Peixoto, do Quilombo dos Afetos, falou sobre o impacto do trabalho excessivo na saúde feminina. “Muitas mulheres são o suporte e precisam estar sempre disponíveis, resultando em mulheres cansadas. Sim, precisamos pensar na produtividade, mas também é importante impor limites para cuidar da saúde”, pontuou.

O painel “Mulher Negra no Cenário da Inovação” reuniu mulheres empresárias que falaram sobre a relação entre inovação e negócios, com a mediação da presidente da AJe, Alana Sales.

Questionadas sobre o uso da tecnologia e inovação nos negócios, a coordenadora de projetos da Fábrica Cultural, Camilla França, falou sobre a inovação na sua trajetória profissional. “Fui trabalhar em espaços que me permitiram pensar a comunicação 360°”. Para a jornalista, inovar é ampliar o olhar para novas possibilidades de ação. “Inovamos toda vez que pensamos em sair da bolha, criar algo diferente. Quando pensamos em tecnologia, pensamos no produto, mas precisamos pensar como utilizamos o produto para inovar no serviço”, explicou.

A analista de negócios inovadores do Sebrae, Fau Ferreira, explicou sobre o entendimento que faz do termo inovação. “Temos conceitos clássicos de inovação, como ‘criar coisas novas para criar uma terceira, fazer produtos diferentes’, mas, para mim, é olhar para o passado a fim de promover o que queremos no futuro”. Segundo a analista, a maior parte das startups são de impacto sócio ambiental. “Por que estamos pensando em criar a realidade que queremos para o futuro”, enfatizou.

Iasmine Fernandes, dona da Casa da Preta, conta sobre a percepção tardia de seu negócio como inovador. “O conceito que tinha de inovação estava ligado à tecnologia. A Casa da Preta tem a ideia de tirar as pessoas dos espaços com barulho externo e colocá-las num lugar para consumo consciente onde trato as pessoas com cuidado”. Para Helen Nizinga, CEO da Eco Ciclo, a inovação é difícil de definir, diante da história das criações feitas pelas culturas negras. “Quando descobrimos que nossa cultura inventou a matemática e todas as demais invenções, a inovação parece algo intrínseco. E tenho a certeza que não se dá para fazer a inovação sozinha”, afirmou.

O BTX é uma realização do Sebrae e da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), em parceria com a ABAS Startups, One Nation, BahiaGás, Fábrica Cultural, Huawei, Parque Tecnológico, e Solvum. O encontro tem como objetivo impulsionar a inovação e a tecnologia na Bahia com a oferta de conteúdo relevante, conexões globais e acesso a soluções desenvolvidas no estado.