ASN BA
Compartilhe

Premiação nacional de queijos artesanais da Bahia reflete crescimento na produção

Os quase 70 produtores de queijos artesanais da Bahia se unem em uma associação que, em busca por qualificação e fortalecimento do setor, recebem apoio do Sebrae
Por Por Juliana Vital para ML Comunicação
ASN BA
Compartilhe

A Bahia celebra um marco significativo no cenário gastronômico nacional com a recente premiação de seus queijos artesanais. A missão liderada pelo Sebrae Bahia no Prêmio Queijo Brasil, realizada entre os dias 11 e 14 de julho em Blumenau (SC), alcançou a 6ª posição entre os estados que mais receberam medalhas. Ao todo foram 53 medalhas (17 de ouro, 17 de prata e 19 de bronze) conquistadas pelos 175 produtores de queijos artesanais que compuseram a equipe.

O evento, que destaca a qualidade e diversidade dos produtos regionais, é um reflexo do crescimento e fortalecimento da produção de queijos artesanais no estado. Com quase 70 produtores envolvidos, a Bahia se destaca pela união e cooperação entre os pequenos produtores, que se organizaram em uma associação dedicada à busca constante por qualificação e excelência. Essa associação tem desempenhado um papel fundamental na promoção e valorização dos queijos artesanais baianos, garantindo que a tradição e a qualidade sejam mantidas e aprimoradas.

Um dos principais apoiadores dessa iniciativa é o Sebrae de Feira de Santana. Através de programas de capacitação, consultoria e incentivo, o Sebrae tem proporcionado aos produtores as ferramentas necessárias para aprimorar seus processos de produção, gestão e comercialização. Esse suporte tem sido essencial para que os queijos artesanais da Bahia ganhem reconhecimento em âmbito nacional.

Nesta edição do Prêmio Queijo Brasil, a competição que premia o melhor queijo produzido em cada estado escolheu na Bahia, o queijo da queijaria Maria Bonita, localizada em São Domingos, município atendido pelo Sebrae de Feira de Santana. O Queijo FLOR DE ANGICO da Maria Bonita (Ricota de leite de cabra) conquistou medalha de ouro no Prêmio Queijo Brasil (2024). Os produtores Ângelo Araújo e Oriana Araújo receberam a premiação com muita alegria e reforçam a importância da parceria com o Sebrae.

“Estamos em êxtase, porque somos uma queijaria muito pequena e há excelentes queijarias e queijos na Bahia. Ficamos felizes por representá-los. Em todas as edições de concursos, desde nosso primeiro, em Vitória da Conquista, contamos com o apoio precioso do Sebrae. Somos muito gratos por nos inserir nesse processo e possibilitar nossa ida aos concursos. Assim como também agradecemos o apoio do SENAR”, afirma.

A produtora destaca ainda a necessidade de regulamentação do pequeno produtor, sem perder de vista a sua qualidade na produção. “Ainda não temos o selo SIM, é preciso chamar a atenção para a diferença entre as pequenas queijarias artesanais e a agroindústria. Nós produzimos com muita qualidade e precisamos do SIM para comercializarmos nossos queijos. Nossa estrutura é pequena, mas higiênica”, ressalta Oriana.

Início

A queijaria Maria Bonita começou com uma produção caseira, ainda em 2017, com uma quantidade bem pequena. Com o tempo ela foi passando a fazer cerca de 3kg a 5kg de queijo por dia. O mestre queijeiro é Ângelo Araújo, que com tempo e dedicação foi melhorando as técnicas de produção, apostando nos queijos frescos, sem conservantes, com processo de fermentação natural, o que garante um resultado bastante diferenciado. O cuidado com o manejo das cabras e com o leite também faz toda a diferença no produto final. Além dos queijos, ele também cuida das cabras com muito carinho. “São cabras felizes. Deve ser por isso que o queijo fica tão bom, eles não têm ranço”, destaca Oriana.

Os produtores baianos têm se destacado não apenas pela qualidade de seus produtos, mas também pela inovação e diversidade. Os queijos artesanais da Bahia variam desde os tradicionais, feitos a partir de receitas criadas em família, até os mais inovadores, que combinam técnicas modernas e ingredientes regionais, de acordo com a sazonalidade de cada região e bioma.

Exemplo disso é a Queijaria e Fazenda Licurizal, que fabrica o Coração do Massapê, um queijo coalho maturado, único feito na Bahia premiado no exterior, mais precisamente na França, terra de queijos de renome mundial. O Coração do Massapê recebeu dois bronzes no mundial de tours na França 2023 e ouro no mundial do Brasil em 2022. João Campos é o atual presidente da Associação Queijo Baiano, que nasceu em janeiro de 2024 e atualmente possui 70 associados na Bahia.

De acordo com João Campos, juntas, essas queijarias conseguem produzir mais de 10 toneladas de produtos por mês, empregando diretamente mais de 100 pessoas. O seu principal objetivo é fortalecer a cadeia dos derivados de leite, em três eixos básicos: o primeiro jurídico, contribuindo para a construção das leis e orientando os associados no cumprimento das exigências legais; o segundo comercial, colaborando com a difusão do queijo baiano e com a construção de ferramentas necessárias, como a Rota do Queijo Baiano; e o terceiro político, não menos importante, pois se mostra necessário um fino relacionamento com os agentes públicos, a fim de sensibilizar especialmente o Estado, quanto à importância do desenvolvimento do setor para a permanência do homem do campo no campo, com dignidade, possibilitando assim a sucessão do negócio entre as gerações.

“Acrescente-se outro importante papel da associação no campo político, que é possibilitar a união entre os produtores e com isso a organização desse movimento, que luta por melhorias das condições de vida e de trabalho do micro e do pequeno produtor. A Queijo Baiano supre uma necessidade de representação que há no Estado desde o advento das leis que preveem os produtos artesanais”, defende João.

Para o produtor Livio Mascarenhas, produtor na Fazenda Morrinhos, localizada no município de Tanquinho, a principal importância da participação da Morrinhos Artesanais na associação é a busca por uma representatividade atuante e efetiva, de modo a impactar diretamente no âmbito político, ambiental e econômico, mas principalmente fortalecendo o pequeno produtor.

“Partindo desse pressuposto, e entendendo que pequenos e médios produtores de derivados lácteos eram invisíveis diante das leis, a associação contribui bastante no diálogo político para aprovação de leis e regulamentações que atendem a classe. Além de ser um espaço de muita troca, realizamos compras coletivas no intuito de reduzir custos nas aquisição de insumos e equipamentos. Somos associados da SertãoBras há 5 anos e na fazemos parte da Queijo Baiano há aproximadamente dois meses”, relata.

Para o Gerente Regional do Sebrae em Feira de Santana, Isailton Reis, receber uma premiação nacional é uma confirmação do sucesso da colaboração entre os produtores e do apoio recebido pelo Sebrae. “Ela não apenas celebra a excelência dos queijos baianos, mas também incentiva a continuidade do trabalho árduo e da dedicação dos produtores. Este reconhecimento nacional serve como um estímulo para que mais produtores se juntem à associação e busquem a qualificação necessária para elevar ainda mais a qualidade dos queijos artesanais da Bahia. E esse é um dos papéis do Sebrae. Com a união e o apoio contínuo, os queijos artesanais baianos têm tudo para conquistar ainda mais espaço no mercado nacional e internacional, levando o sabor e a tradição da Bahia para o mundo”, finaliza.

Produtores Maria Bonita