O presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, durante a manhã desta sexta-feira (14), esteve no bairro do São Gonçalo do Retiro, em visita ao terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2000. Participaram do encontro o superintendente do Sebrae/BA, Jorge Khoury, o diretor técnico, Franklin Santos, o diretor de Administração e Finanças, Vitor Lopes, além de gerentes e gestores da entidade.
A incursão teve como objetivo conhecer de perto um dos mais tradicionais templos de religião de matriz africana do Brasil (fundado em 1910) e as atividades de empreendedorismo de receptivo de turismo religioso que são ali desenvolvidas.
O grupo foi ciceroneado pela ajoiê (ekedi) de Ogun Ana Santo Amaro e pelo ogã Toluodé, Emanuel Nascimento, presidente da Sociedade Cruz Santa, que gerencia os assuntos cíveis do Ilê Axé Opô Afonjá. Inicialmente, foram conduzidos à Casa de Oxum, à casa de Oxóssi e à Casa de Iansã. No trajeto, os anfitriões apresentaram a praça dedicada aos 70 anos de iniciação de Mãe Stella de Oxóssi, falecida em 27 de dezembro de 2018.
Segundo a ajoiê Ana de Ogun, os técnicos da instituição realizaram estudo no terreiro, diagnosticaram a situação que atravessava em relação ao processo de visitas e formataram o roteiro turístico, a sinalização e também orientaram como os integrantes do templo deveriam receber as pessoas que querem conhecer o espaço. Ela explicou que o Afonjá recebe visitantes de todas as partes do mundo, turistas e pesquisadores. “A sociedade não sabia fazer o gerenciamento do receptivo e isso foi alcançado com a ajuda do Sebrae”, frisou.
“Nós entregamos ao terreiro todo o roteiro estratégico, além da roteirização – narrando o que é a casa, os espaços, o que representa cada orixá –, uma sinalização interpretativa e um espaço Instagramável (onde é permitido fotografar). O que o terreiro precisa hoje é de recursos para implementar a sinalização”, explicou Hirlene Pereira, gestora de projetos do Sebrae Bahia na área de Turismo.
Na sequência, os convidados foram levados a conhecer o ateliê de tecelagem, onde presenciaram a confecção de peças da indumentária utilizada pelos adeptos do candomblé, como ojás (pano para ornar a cabeça), panos da costa (usados em volta do corpo das mulheres na altura do peito) e filás (chapéu usado pelos homens, semelhante ao camelauco). Em momento de descontração, Décio Lima, Jorge Khoury e outras convidadas posaram para muitas fotos vestidos a caráter.
Após percorrer as Casas de Iemanjá, Oxalá e dos voduns da nação jêje (Omulu, Nanã e Oxumaré) e de Xangô, a visitação culminou numa degustação de iguarias típicas da culinária dos terreiros de candomblé, tais como: acarajé, bolinho de estudante, acaçá e abará. Os integrantes da comitiva foram, ainda, presenteados com colares de contas e um exemplar do livro “Mojubá Obá Biyi”, de autoria de Marcos Santana, que trata da biografia da yalorixá Eugênia Anna dos Santos, a Mãe Aninha, fundadora do Afonjá.
“Quero confessar a vocês a minha surpresa de estar aqui nesse terreiro. É a primeira vez que eu venho a uma casa de candomblé e eu estou tomado pela emoção. Encontrei aqui somente pessoas maravilhosas, que resistem aos preconceitos de um país que ainda não entendeu que a maioria de nós pertence à cultura africana. Estar aqui e ver que é um espaço acolhedor, com essa religiosidade tão bonita, tão profunda, que nos educa a ser melhores, é incrível. Estou muito feliz de estar aqui”, disse Décio Lima.
“É bom estar entre essas figuras fantásticas, nesse terreiro, sentindo as energias, pisando neste solo, tocando as paredes, nas casas representativas. Saio daqui muito feliz. Uma felicidade que eu gostaria que todos os brasileiros tivessem. Pra mim, este momento é eterno. Já fui a muitos lugares do mundo, mas esse aqui é um momento eterno e isso não vai sair do meu coração. Por isso quero retornar mais vezes”, acrescentou o presidente do Sebrae.