Agência Sebrae de Notícias

Até o próximo sábado (25/10), estudantes da Universidade Federal da Bahia (Ufba), de diferentes áreas do conhecimento, participam da maratona Coleta Hack 2025, com o desafio de criar soluções criativas e sustentáveis para os desafios relacionados à melhoria das condições de trabalho, da gestão de resíduos sólidos e da inclusão produtiva de catadores autônomos. A solenidade de abertura dessa iniciativa colaborativa, realizada pelo Sebrae Nacional e a Ufba, ocorreu na manhã de quinta-feira (23/10), no Pavilhão de Aulas da Federação da instituição de ensino, com a presença de representantes das instituições envolvidas. Ao todo, 50 estudantes participam da maratona.

O gerente adjunto da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, Fausto Cassimiro, falou sobre a atuação para melhoria da cadeia da reciclagem no país, citando a Programa Pró-catadores, que ocorre em 20 estados, e trabalha com os eixos catadores autônomos, cooperativa de reciclagem, município e organização da cadeia da reciclagem. “Vocês irão trabalhar com eixo catadores autônomos que, muitas vezes, se encontram em situação de vulnerabilidade. Olhem com muito carinho para essa pessoa, que cumpre um papel importante na rotina das cidades. Queremos que o catador melhore as condições, colete mais material e ganhe mais. Foi sugerido que fizéssemos o Hackaton nesta universidade, então, saibam que, nesta etapa da vida, vocês têm uma capacidade de pensar e inovar muito grande. Pensem que a solução do problema dos materiais recicláveis no Brasil está em nossas mãos e em nossas mentes”, ressaltou.

A gerente adjunta da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae Bahia, Renara Ladeia, ressaltou a relevância da iniciativa de focar em temas fundamentais, despertando o interesse dos estudantes. “Para o Sebrae Bahia, de fato é importante estar com vocês, tendo a Ufba como parceira, dentro de um projeto inovador, que trata de temas que requerem urgência, a exemplo da economia circular e da gestão dos resíduos sólidos. E é uma alegria saber que, nesta jornada, vocês irão pensar em práticas que tragam respostas para essas demandas”.

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufba, Ronaldo Lopes Oliveira, destacou a necessidade de refletir sobre a tecnologia e a inovação associadas às condições de trabalho das pessoas envolvidas. “Não adianta uma cidade reciclar 30%, sem levar em conta a qualidade de vida, as condições de vida de quem cata o material. Pensando nos catadores do Carnaval de Salvador, pergunto qual a inovação que criaremos para que essas pessoas tenham melhores condições de trabalho? Temos um número de latinhas recicláveis grande, mas qual o custo dessas pessoas para realizar este trabalho, como isso impacta a qualidade de vida? Assim, é importante trazer a dimensão humana para os usos da tecnologia”.

O diretor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), da Ufba, Luíz Augusto Vasconcelos da Silva, falou da alegria de sediar a maratona no IHACLab-i, espaço de criação aberto que, ao longo de 10 anos, engaja a produção dos estudantes do BI de Ciência e Tecnologia e das mais diversas áreas. “É um laboratório para as experiências de criação, inovação e sustentabilidade. Espero que esses três dias sejam potentes de envolvimento, aprendizagem e possibilidades para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva”, destacou.

A diretora de Inovação e Produtividade, Mariana Brasil, representou a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, e apontou as possibilidades oferecidas pelo estado para o desenvolvimento de produtos inovadores. “Para fomento de produtos tecnológicos, o Programa de Inovação Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica está de volta, e será lançado no final de novembro, com a temática voltada para catadores de recicláveis, para pesquisa e desenvolvimento de projetos, apoiando a inovação tecnológica. Esperamos grandes projetos para esta área”.

O subsecretário de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-estar e Proteção Animal da Prefeitura de Salvador (Secis), Walter Pinto Júnior, falou de algumas ações realizadas pela pasta, pontuando a contribuição do Coleta Hack para intervir na realidade social. “Salvador recicla cerca de 0.69% de materiais. Colocamos uma meta para 1.5, que não é um grande avanço, mas queremos fazer 22 mil toneladas para um caminho sustentável e reduzir 20% dos gases de efeito estufa. Assim, a maratona é um momento de imersão, protagonismo, prototipagem, entendendo essa área como favorável para desenvolvimento de novas tecnologias”.

O estudante de Psicologia da Ufba, Jeferson Paixão, contou sobre o motivo de querer participar da maratona. “Acredito que o espírito da época converge para a materialização deste momento. É um espaço de cocriação para lançar luz sobre uma temática, que muitas vezes, é invisível, porque não enxergamos a forma como esses indivíduos estão trabalhando de forma precarizada, sem vínculos estáveis, reconhecimento e valorização. E aquilo que a academia faz pode ajudar a construir soluções”.

Maratona

Após, a abertura do evento, os estudantes tiveram uma palestra com os especialistas. A catadora autônoma e diretora executiva da Pimp My Carroça, de São Paulo, Nanci Darcollete, contou sobre sua experiência com as cooperativas, a política reversa, carnaval, taxas de reciclagem, entre outros assuntos.

“Estou à disposição de vocês para conversar. A escuta é importante, assim como o estudo de qualidade incorporado aos projetos como meta para desenvolvê-los”. Nanci chamou atenção para o Decreto nº 11.414, do “Programa Catadores” e as possibilidades que se abrem. “Essa é a grande novidade deste ano e, graças ao Sebrae Nacional, buscamos inserções, precisamos de políticas públicas, porque o catador é marginalizado, com isso, ele precisa ser inserido”.

No período da tarde, os estudantes passaram por etapas de aprendizagem, como etapa de entendimento do problema, etapa de imersão criativa, etapa de construção de solução e checkpoint de aprendizados.

As equipes são compostas por estudantes de vários cursos da Ufba que terão acesso a atividades, como oficinas, rodadas de pitch e ferramentas, além de instrumentos que servirão para cocriação, experimentação e validação. O objetivo é apresentar aos estudantes a compreensão das problemáticas enfrentadas pelos catadores autônomos, que irão conduzi-los a uma solução que possa ser usada na realidade. Para isso, mentores especializados darão todo apoio.

As três primeiras equipes campeãs serão premiadas. O 1º lugar ganhará um aparelho eletrônico (notebook), além de uma visita guiada à fábrica da Tetra Pak Brasil em Monte Mor/São Paulo e três mentorias especializadas voltada para modelagem de negócios. O 2º lugar levará aparelho eletrônico (tablet) e dias mentorias especializadas em estratégias. Já o 3º lugar ganhará um aparelho eletrônico (leitor digital) e uma mentoria especializada com foco em consultoria, ajudando o projeto a ganhar clareza, estrutura e aplicabilidade.

O Coleta Hack 2025 tem apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, da Tetra Pak Brasil, da Camisas Polo Salvador e da Bocazul.